'Feminismo não é ser contra homens', explica cantora IZA

  • Por Jovem Pan
  • 05/10/2018 15h13
Johnny Santos/Jovem Pan

Há exatamente um ano, IZA lançava “Pesadão”, um de seus maiores sucessos até hoje. Agora, a cantora carioca é uma das vozes mais promissoras e talentosas do Brasil, e está divulgando o álbum “Dona de Mim”, o primeiro de sua jovem carreira. Mas, para chegar onde está, ela precisou ralar muito.

“Sempre tive vergonha de cantar”, confessou IZA em entrevista exclusiva ao Pânico nesta sexta-feira (5). “Mas cantar na igreja era diferente. As pessoas olhavam para o altar, não para mim, mas ainda morria de vergonha”, disse.

Formada em publicidade pela PUC do Rio de Janeiro, a artista começou a cantar há apenas três anos. Vinda de uma família ligada com a arte, ela teve o apoio dos pais para largar a carreira na comunicação e investir na música. “A minha mãe é professora de artes e de música, tem uma galera da minha família que é musicista, então todo mundo entendeu, para eles fez sentido”, garantiu.

Além de fazer sucesso com suas músicas, a carioca também é um fenômeno nas redes sociais, com quase 3 milhões de seguidores no Instagram. Hoje, ela comemora o fato de poder aceitar seu corpo e ver suas fotos repercutindo na internet. “Ao longo da minha adolescência, eu tive muitos problemas com meu corpo, não me aceitava muito”, disse. “Hoje eu posto fotos de biquíni porque estou muito satisfeita comigo.”

Empoderamento e feminismo

O empoderamento e o amor próprio são questões muito importantes para IZA. “Eu sou uma mulher negra e é complicado ver como meu corpo é sexualizado. Não é feio ser gostoso, mas é feio você ter vergonha do seu corpo com medo do que os outros vão falar. Eu tive uma adolescência assim, de me esconder”, desabafou. “Quando eu posto foto de biquíni, dizem pra eu não perder minha essência, mas eu preciso me amar. Ouvir isso de macho não me incomoda, mas me deixa triste ouvir de mulheres, rolou uma lavagem cerebral nelas”, continuou.

Prestes a casar, a cantora falou que o amor próprio foi muito importante na decisão de oficializar a união. “A gente vem de uma sociedade que incita a mulher a se acostumar com pouco, com o medíocre. A gente não tem que se conformar com pouco. Botei na minha cabeça que só ia casar quando achasse tal cara e eu achei”, explicou.

IZA também falou sobre a importância do feminismo e explicou a verdadeira essência do movimento. “Eu não aguento mais explicar isso: feminismo não é ser contra homens, é lutar por direitos e deveres iguais”, afirmou. “Quando fala feminismo, os homens ficam pensando numas mulheres muito loucas, não é isso. Desde quando falar de uma coisa tão séria quanto assédio é colocar homem contra mulher?”, questionou a artista.

Para ela, uma coisa importante do momento pelo qual o Brasil passa é o fato de assuntos como o machismo estarem sendo cada vez mais discutidos. “A gente sempre fica falando muito das mesmas coisas, mas é importante que se fale mesmo, nunca se falou tanto sobre racismo, homofobia e machismo”, comemorou. E, sem abrir o voto, ela fez questão de lembrar a importância da democracia para o país. “As pessoas precisam de empatia e entender que graças a Deus vivemos uma democracia. Ainda bem que existe direita e esquerda.”

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